segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Um livro, um filme e o início do cinema...

 

O livro A Invenção de Hugo Cabret, do autor e ilustrador Brian Selznick, teve num momento oportuno a estreia de sua adaptação cinematográfica.
Uma ótima oportunidade para compararmos e analisarmos duas linguagens: a literatura e o cinema, e ressaltar o cinema como Arte e não mero divertimento.


O livro é puro deleite visual, composto de ilustrações que narram a estória e, não apenas a ilustram, é recomendadíssimo para quem gosta de quadrinhos e aprecia um bom trabalho de ilustração em preto e branco. Não por acaso, pois faz alusão à própria sala de exibição.


O filme é encantador a todos os tipos de público, com uma belíssima direção de arte e direção de Martin Scorcese, conseguiu o recorde em indicações ao Oscar 2012, concorrendo em 11 categorias, e levando 5 prêmios.


Sinopse do livro:

Hugo Cabret é um menino órfão que vive escondido na central de trem de Paris dos anos 1930. Esgueirando-se por passagens secretas, Hugo cuida dos gigantescos relógios do lugar - escuta seus compassos, observa os enormes ponteiros e responsabiliza-se pelo funcionamento das máquinas. A sobrevivência de Hugo depende do anonimato - ele tenta se manter invisível porque guarda um incrível segredo, que é posto em risco quando o severo dono da loja de brinquedos da estação e sua afilhada cruzam o caminho do garoto. Um desenho enigmático, um caderno valioso, uma chave roubada e um homem mecânico estão no centro desta história, que, narrada por texto e imagens, mistura elementos dos quadrinhos e do cinema.

Conhecendo o autor:

Brian Selznick é um escritor que traz em seu currículo vários prêmios. Ele é também ilustrador de obras infantis. O autor nasceu no dia 14 de julho de 1966 na cidade de East Brunswick, em Nova Jersey. Graduou-se na Rhode Island School of Design e atuou durante três anos na Livros Bisonhos em Manhattan, ao mesmo tempo em que escrevia A Caixa de Houdini, sua estreia literária.

Em 2008 Brian conquistou a Medalha Caldecott por esta publicação e igualmente a Caldecott Honor pelo livro Os dinossauros do Waterhouse Hawkins. O escritor é primo dos produtores cinematográficos David O. Selznick e Myron Selznick. A invenção de Hugo Cabret foi adaptada para as telas dos cinemas e dirigida pelo cineasta Martin Scorsese.

Site oficial de Brian Selznick [em inglês].

A inspiração de pequenos grandes leitores

Navegando pela web, encontrei este simpático blog de fazer inveja a muitos adultos!
De autoria de Rieri Frugieri, rico em resenhas feitas pelo jovem autor sobre os muitos livros que ele tem lido nos últimos dois anos, numa linguagem pessoal, mas rica em detalhes técnicos e citações. Por certo um trabalho de intensa pesquisa.

Em sua resenha do livro A Invenção de Hugo Cabret, ele também faz uma comparação ao filme. Vale a pena dar uma olhada!

Acesse o site






© Marcia Rosenberger, 2012. Todos os direitos reservados.
Fontes texto/imagem:
A Invenção de Hugo Cabret/texto e ilustrações Brian Selznick: tradução Marcos Bagno, - SãoPaulo: Edições SM. 2007.
AdoroCinema
IMDb
The Eg

Arquivo pessoal




sábado, 3 de novembro de 2012

Assassinato em Hollywood: a vida imita a arte...


Foi registrada nos autos de emergência da polícia uma chamada telefônica avisando ter encontrado o corpo de uma jovem no corredor em frente ao apartamento da própria vítima. A chamada foi realizada por sua vizinha de apartamento.
Como é de praxe na profissão de Detetive Investigador, além de consultar os integrantes da perícia, é ele quem interroga as testemunhas. Na ocasião, o Delegado de Polícia de plantão, que não tinha mais nenhuma ocorrência urgente, presidiu o interrogatório, horas depois do crime.

 - Seu nome, por favor.
- Marylou, mas pode me chamar de Lou.
- Nome completo, por favor.
- Ah, claro... Marylou Moriarty.
- Qual sua idade?
- 21.
- Seu estado civil?
- Solteira.
- Qual a profissão da senhorita?
- Eu trabalho numa videolocadora, mas não é qualquer videolocadora, sabe? O Quentin Tarantino também já trabalhou aqui e muita gente famosa...
- Sim, eu compreendo. Endereço?
- Lancaster Street, no. 1308, apto 823. Los Angeles.


 - No dia 31 de outubro foi registrada uma chamada telefônica solicitando uma patrulha policial ao seu endereço, tendo dito que havia sido encontrado o corpo de uma jovem. Esta informação procede?
- Sim, Doutor Delegado, fui eu mesma quem chamou a polícia.
- Há quanto tempo a senhorita mora neste prédio?
- Acho que quase dois anos, agora.
- Com quem a senhorita mora?
- Com ninguém. Eu moro sozinha, Doutor. Meus pais ainda moram em nossa casa de campo, em Denver, mas eu preferi me mudar pra cidade pra estudar, eu quero ser atriz...
- Tem noivo, namorado ou algum tipo de relacionamento?
- Não, Sr. Detetive. No momento não estou namorando, mas sabe... se aparecesse um cara legal...
- Está bem, é o suficiente... Quanto a outras pessoas, a senhorita costuma receber muitas visitas em seu apartamento?
- Ah, claro, Doutor! Sempre vêm alguns amigos em casa. A gente estoura uma pipoca e assiste um filme ou toma um vinho e bate papo, essas coisas...
- Quanto aos seus vizinhos, a senhorita os conhece bem? Como é o seu relacionamento com eles?
- Mora muita gente aqui... A maioria jovem como eu, que vêm pra cá pra tentar trabalhar no cinema. Meio que todo mundo se conhece, mas a gente se fala sempre rápido, ou no elevador, alguns vão à locadora onde eu trabalho, outros a gente encontra na cafeteria ou pelo bairro... Eu tenho mais amizade com o pessoal do andar de cima, o nono, e uma garota do meu andar, vizinha dessa que morreu...
- Sobre a vítima, a senhorita a conhecia? Era sua vizinha?
- O apartamento dela era ao lado do meu, mas ela era uma moça muito reservada, falava pouco, mas estava sempre alegre e era muito simpática...
- Há quanto tempo ela morava no prédio?
- Não tenho certeza, Sr. Detetive, mas acho que ela se mudou pra cá há quase um ano mais ou menos.
- Vocês eram amigas, frequentavam seus apartamentos, saíam juntas?
- Não, eu não era amiga dela, mas ela tinha me falado que trabalhava numa cafeteria perto da locadora em que eu trabalho, e às vezes a gente se falava... Outro dia, ela tava me contando de um cliente que ia todas as quintas-feiras tomar café no mesmo horário, e...
- Certo, isso não é tão importante. Vamos voltar à cena do crime... Você sabe se a vítima tinha algum inimigo, algum ex-namorado ciumento, vingativo ou algo assim?
- Acho que inimigo ela não tinha, não, porque era uma garota tão boazinha... Mas logo que ela se mudou pra cá, eu cheguei a ver um rapaz que veio várias vezes aqui... Umas duas vezes ele bateu na porta dela e ela fingiu que não tava em casa e não atendeu... Mas quando eu falei pra ela que um rapaz veio aqui, ela desconversou e nem quis saber como ele era...
- Na hora do crime, a senhorita estava sozinha ou havia mais alguém no apartamento?
- Não... Eu estava sozinha. Afinal de contas é dia de Halloween! Já é uma tradição para mim...
- Sim, nós entendemos... O que a senhorita estava fazendo nesse momento?
- Eu já estava meio que perdendo a paciência com aquelas crianças... Já fazia uma meia hora que elas não paravam de bater de porta em porta gritando ‘Travessuras ou gostosuras’! E eu tentando assistir ao filme...
- A senhorita pode ser um pouco mais direta, por favor? Até agora a senhorita não nos deu nenhuma informação sobre a vítima!
- Claro, me desculpe. Então, continuando... Eu tava assistindo um filme, porque todo ano nessa data eu assisto ao mesmo filme...Nosferatu. O Doutor Delegado, conhece? E o Sr, Seu Detetive? Já assistiu? Se ainda não viram, têm que ver! É muito assustador... Conta a história de um vampiro, sabe... E é por isso...
- Senhorita Marylou, por favor, atenha-se aos fatos! E quem faz as perguntas aqui somos nós, não a senhorita!
- Me desculpe novamente... É que é tão empolgante! O que está acontecendo parece um filme de verdade mesmo!
- Certo. Retomando seu depoimento. Então, a senhorita estava assistindo um filme e havia crianças gritando no corredor. O que aconteceu depois?
- Eu ouvi um grito e me pareceu tão real... tão próximo... Mas nesse exato momento, era a parte do filme em que Nosferatu mordia o pescoço da vítima, então eu ignorei... Mas logo em seguida ouvi de novo, e foi quando fui até a porta... Olhei pelo olho mágico e não vi nada pela fração de um segundo e então, eu vi a sombra... O Doutor Delegado pode não acreditar, mas eu juro que eu vi... E era muito grande... Realmente eram asas que se moviam e levantaram voo...
- Quando foi que a senhorita viu o corpo?
- Na mesma hora, sem pensar direito eu abri a porta. E então, encontrei a garota lá...
- Como ela estava? A senhorita tocou ou moveu o corpo da vítima?
- Não! Não tive coragem de mexer na garota... Mas ela estava lá... Meio torta, com a cabeça virada para o lado... As pernas também estavam tortas, dobradas... Tinha um pouco de sangue esparramado pelo chão, próximo de seu pescoço. Foi então que eu vi... Quando eu me abaixei mais perto do rosto dela, eu vi as duas marcas... Eram pequenas, e ainda tinham um pouco de sangue também, pareciam dois pequenos furinhos...
- Quanto tempo a senhorita demorou a chamar a polícia?
- Foi logo em seguida, porque o som da televisão estava muito alto e começou a tocar uma daquelas músicas de terror, o senhor sabe, né?... Então eu me assustei e corri pra dentro do apartamento e liguei na mesma hora pra polícia.
- Isso foi a que horas precisamente? A senhorita saberia nos informar?
- Ah, eram 23h59min e eu tenho certeza porque foi quando eu olhei pra televisão e estava marcado no canto da tela.
- A senhorita teria mais alguma informação a nos relatar?
- Não, acho que não me lembro de mais nada...
- Por enquanto é só. Obrigada pela sua colaboração. Entraremos em contato se houver qualquer dúvida no seu depoimento.
- Ah, não há de que! Estou às suas ordens! Sabe, Doutor Delegado, na verdade...
- Passar bem senhorita. Tenha um bom dia!

E assim ambos, Delegado e Investigador, deixaram a sala de interrogatório, e foram em busca de mais um possível suspeito.

© Marcia Rosenberger, 2012. Todos os direitos reservados.
Nomes de personagens e filmes utilizados pertencem aos respectivos criadores.
Créditos da imagens:
Wikipedia

N.A.: Texto sobre o Gênero do Discurso: Interrogatório produzido como atividade orientada em curso de práticas de leitura.